Jornal Escolar "Letras d'Água" nº 26

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

    A Chuva
Eram dias de seca, aqueles que a pequena aldeia ribatejana tinha vivido nos três meses de inverno, antes deste março inusitado também ele árido e frio. As horas moviam-se lentamente e, com elas, as poucas gentes moradoras das casas antigas a precisar de alguns reparos não sabiam bem das suas vidas. Sentados nos pés das árvores cortadas há já alguns anos do pequeno largo seco, olhavam-se nos seus olhos despidos de futuro e cogitavam, uns em pensamento, outros em vozes sumidas à procura de um diálogo que logo ali morria por não ter lenha onde arder. O tempo era tema de conversa. O padre não se esquecia dele aos domingos, a professora e os seus poucos alunos tinham já uma exposição de trabalhos sobre a seca à entrada do edifício da escola primária, o correio, na sua viagem diária, tirava da cartola dos sobrescritos coelhos que não davam sinal de chuva, a visita semanal do médico era uma corrida dos populares à ciência, e algumas velhotas tentavam, com rezas e mesinhas, num último recurso quase impossível, que as poucas nuvens do céu deixassem correr a tão divina chuva. Nada. Deus não queria nada com eles. Tinha-lhes virado as costas. Não os ouvia.
Aquela era uma tarde igual a tantas outras. Na venda, o sr. Jordão, dono daquele espaço comercial, ia já para vinte anos, esperava que o relógio de cuco, tão roufenho como a voz dele, desse o cu-cu, cu-cu das horas para se chegar junto da sua mulher que o esperava em casa a cinquenta metros daquele sítio. Desde os primeiros raios de sol que abrira de par em par as pequenas portas do estabelecimento e ninguém o visitara ou fizera qualquer compra. Era a crise que se instalara no país, segundo uns, mas era sobretudo a pouca vontade de todos de sair de casa e de se confrontarem com a realidade. Era a verdade sobre todas as outras coisas: não chovia. 
Quase a dormitar, ainda conseguiu descortinar, vindos na sua direção, dois vultos que lentamente gesticulavam os longos braços vestidos de um preto escuro. Rapidamente levantou-se do velho banco que lhe servia tantas vezes de cama desconcertante e ficou à espera. Ao longe, não conseguia perceber de quem eram aqueles vultos, mas se procuravam a sua loja teriam de ser bem recebidos, como qualquer cliente o era naquele espaço.
- … não vai ser tarefa fácil! – exclamava o mais pequeno dos dois.
- Mas temos de cumprir com os desígnios superiores! – salientava o mais alto, ao mesmo tempo que abria uma pasta onde se viam imensos papéis soltos e os mostrava ao seu colega, impaciente nos movimentos que fazia.
O Sr. Jordão tentou que aquelas palavras lhe fizessem algum sentido, mas não conseguiu. Qual seria a tarefa a que se propunham os dois? Que quereriam dizer com os desígnios superiores? De quem estariam a falar? Foi precisamente nesse momento que resolveu intrometer-se, até porque os dois estranhos tinham já entrado na sua venda e nem sequer se lhe haviam dirigido.
- Boa tarde, em que posso ajudar? – questionou ele, frontalmente.
Os dois homens, como que admirados por aquela interpelação, viraram-se na sua direção, olhos bem abertos, mas praticamente sem qualquer tipo de reação. Era agora que tinham de dar explicações. E o que os levava ali, aparentemente, pouca razão parecia ter. Ela só existia e fazia sentido a quem os tinha mandado naquela missão. Sim, era de facto uma missão difícil de realizar e ainda mais de explicar às duas pessoas que teriam de procurar naquela aldeia.
- Ora, então, boa tarde! Estamos aqui para cumprir um desígnio nacional a mando dos nossos…. e também … dos vossos superiores! – gaguejou o mais baixo.
- Sim, porque o que aqui nos traz vai fazer renascer a nação! – defendeu o mais alto numa voz firme e num tom de certa forma elevado, para se afirmar.
- Desculpem, mas estão a ir muito depressa para eu vos compreender! – tentou esclarecer o sr. Jordão que, para além de começar a ficar incomodado com a conversa, principiara já a tirar nabos da púcara em relação àqueles dois sujeitos que só a sua estranheza o mantinha de sobreaviso.
Entretanto, lá fora, o sol escaldava. Alguns raios penetravam na loja e atingiam em cheio as roupas escuras dos dois estranhos, transmitindo-lhes pequenos fios de suor nas faces pouco esclarecidas, mas convencidas da sua missão. O largo continuava deserto. Ninguém se aproximava da venda e os três continuavam a incerta conversa.
- Bem,… - começaram os dois em uníssono, enquanto o dono da loja os olhava, esperando definitivamente algo de novo para que se sentisse esclarecido –… viemos a esta pacata aldeia à procura de duas pessoas que nos … a todos irão ajudar para acabar com esta seca terrível.
- Mas isso é excelente! Só não entendo é como é que essas pessoas poderão ajudar os portugueses a ultrapassar tão grande calamidade! E, já agora, quem são essas pessoas? - interveio duas vezes o sr. Jordão.
Os dois homens de preto conseguiram soltar-se finalmente daquela aparente e inicial apatia que os conduzira no princípio da interpelação e, abrindo as pastas que se mantinham entreabertas, procuraram as folhas que os tinham levado ali. Delas, retiraram duas folhas brancas, limpas, novas onde se viam algumas linhas a negro vincado, mas impercetíveis ao longe. Olharam-nas como se procurassem a certeza nelas inscritas e colocaram-nas em cima do balcão que, à sua frente, criava a barreira e a distância entre os que vinham à procura e o que, para já, nada sabia do que tinha para dar. Em silêncio, todos os seus olhos se dirigiram para aquelas folhas que encerravam uma resposta, pronta a dar a solução para o país indefeso, perante as dificuldades por que passava naquele momento. O mais pequeno dos dois visitantes foi o primeiro a interromper o clima criado por aquelas simples folhas, ao serem postas na pedra fria do balcão.
- Estas duas folhas têm dois nomes de cidadãos desta aldeia: Sena e Jordão. Foram-nos entregues pelos nossos e… vossos superiores para que as lessem e colaborassem com o que se lhes pede para fazer.
Estavam criadas as condições para que de uma vez por todas se soubesse o que aqueles dois vinham fazer àquela tão pacata aldeia ribatejana, longe do bulício das grandes cidades, afastada para sempre dos acontecimentos importantes do país, mas agora chamada a participar nas grandes soluções do futuro, na luta contra a aridez que se instalara entre todos e que já prejudicava a nação. À vez, os dois homens abriram o livro do conhecimento governamental e foram explicando o que ali faziam. As palavras foram brotando em catadupa enquanto o sr. Jordão, impassível e de olhos e boca cada vez mais abertos, ouvia atenciosamente.
- A nossa missão consiste em levar para Lisboa duas pessoas da aldeia: o sr. Sena e o sr. Jordão. São eles que irão fazer parte dum grupo a juntar em local seguro e secreto que está a ser recrutado neste preciso momento por todos os distritos que compõem este nosso querido país! - exclamou um deles.
- Na realidade, o grupo vai ser bastante grande e tudo isto está a ser feito sob o maior segredo de estado. - afirmou o outro.
- Assim que se juntarem todos e fizerem aquilo que se lhes vai pedir, verão que a chuva vai cair sobre todos nós.
- É precisa uma grande força e entreajuda para que os resultados confirmem o que todos esperam vá acontecer.
Se a dúvida acerca daqueles dois já era grande, então o que dizer depois destas palavras destemidas mas que pouco ou quase nenhum sentido faziam para o dono da loja? Uma certeza começava a instalar-se na cabeça do sr. Jordão: estavam ambos loucos ou a caminho disso. Mais uma vez o silêncio se fez ouvir. Uns à espera da pergunta evidente, outro pronto a fazê-la, mas já com um certo receio por causa daquilo que se instalara no pensamento sobre aquele par de almas, à sua frente plantado. Mesmo assim, disparou:
- Será que me estão a dizer que eu vou ajudar o país a sair desta situação?
Antes que algum deles respondesse, lá fora, o pó do largo levantou-se e o barulho de vozes começou a aproximar-se da venda. Não eram ainda sons definidos, mas vinham naquela direção e foram suficientes para eliminar um pouco o clima de dúvida que se tinha instalado entre os interlocutores na loja. Alguns segundos depois, mulher mãe e filha criança entravam no espaço comercial em busca de um maço de tabaco para o marido pai.
- Muito boa tarde, dona Helena! Ainda bem que por aqui aparece porque precisamos que o seu marido venha até cá e com uma certa urgência. – disse o sr. Jordão.
- Mas… aconteceu algo de grave que eu não saiba? -  interrogou a mulher, desde logo intrigada e preocupada com aquela procura urgente do seu homem que àquela hora deveria dormir e ressonar profundamente no sofá da sala, depois de ter olhado para as notícias do telejornal, as quais incidiam, como habitualmente o tinham feito nos dias anteriores, sobre a seca no país e os seus efeitos na agricultura e na maneira de estar dos portugueses em geral.
- Não, nada disso, dona Helena. Estes dois senhores que aqui vê têm uma missão a efetuar na nossa aldeia. E, veja bem, eu e o seu marido parece que estamos envolvidos nela, não é verdade? – perguntou a ambos.
- Sim! Vimos de Lisboa e temos de os levar para que possam cumprir o que está decidido pelo nosso… e vosso governo. Estas são as ordens que nos deram: vão à aldeia e tragam com urgência os dois homens que têm nomes de rios – Sena e Jordão! – disse o mais alto.
Desta vez a acha para a fogueira transmitiu mais calor de fora da loja para dentro dela. O calor era muito, mas agora que se descobrira que os nomes estavam relacionados com os rios, a surpresa fez com que as bicas de suor entre todos se tonassem bem maiores e a necessidade de recorrer a um lenço, a um pano a qualquer coisa que limpasse tornou-se uma urgência. Também a criança não ajudava a situação. Ao ouvir o nome do pai e que ele teria de partir para Lisboa, não mais se calou de chorar. E bem alto porque a mãe tentava a todo o custo que a filha não gritasse, mas não o conseguia.
- Anda daí, comigo! Vamos a casa chamar o teu pai para poder resolver rapidamente este problema. E, por favor, não chores mais! – exclamou a mãe entre algumas lágrimas que se queriam juntar às da filha, não pela proximidade, mas pelo amor que as unia.
O tempo de espera não foi muito. O sr. Sena morava perto, aliás como todos os habitantes da aldeia moravam também eles perto da loja central e quase única do largo. De qualquer forma, o clima de dúvida e de incerteza voltou à loja. Os dois continuavam firmes no que os ali trouxera, o outro ainda misterioso sobre o que o esperava. Foram alguns minutos de silêncio que em nada adiantaram para todos os presentes.
Veio sozinho, o sr. Sena. Ainda trazia o pouco cabelo em desalinho, dando mostras que o sono reparador da tarde fora interrompido abruptamente, mas a curiosidade era grande e nem o tabaco que a mulher e a filha lhe levaram tinha sido mais forte do que a chamada à venda do largo da aldeia. Teria de ir a Lisboa numa missão importante? Fora isso que percebera das poucas palavras e do choro das duas. E agora ali estava para entender o que dele queriam aqueles homens de fato e com alguns papéis nas mãos.
- Boas tardes! Andam à minha procura? Sou um simples homem de bem e nada de mal fiz, pelo menos que me lembre! – interrogou e exclamou, ainda sem uma certeza na voz rouca e forte, o sr. Sena.
- Ó Sena, boa tarde! Parece que estamos envolvidos numa missão do governo! Assim mo disseram estes dois desconhecidos que há pouco aqui chegaram e traziam dentro daquela pasta os nossos nomes. – confirmou o dono da loja, agora mais convicto no que afirmava, porque a presença do conterrâneo lhe dera algum alento e o ajudava no número de pessoas em confronto que até ali tivera de disputar sozinho.
O semblante do recém-chegado alterou-se rapidamente. O que lhe quereriam aqueles dois que nunca vira? Teve tempo para conjeturar as mais variadas hipóteses porque de novo o silêncio se instalou no pequeno espaço. Não durou muito essa aparente calma, quebrada pelo badalo do velho sino da igreja que insistia no passar do tempo, por aquelas bandas tão esquecido. Ninguém pareceu ouvir o toque indiferente das horas, ouvido, mas não assimilado por nenhum deles, mais do que uma vez. Que se fazia tarde era um facto visível nos raios de sol mais baixos, mas nem por isso menos quentes, na impaciência que começavam a dar mostra os dois desconhecidos e na procura, por parte do dono da venda, do relógio colado numa parede forrada com os diversos materiais de comércio que naquela casa se fazia há pelo menos meio século e que já tinha pertencido ao seu pai comerciante. Era tempo de avançar na procura da solução depressa e bem, para que o problema da seca fosse resolvido e todos voltassem a ver o país verde que tanto encantava os portugueses, dando-lhes alento e força para ultrapassarem a outra crise que também se vivia por aquelas bandas a par da nação, a crise económica. Devido a essa pressa, foi de novo o homem de preto mais alto a esclarecer quem desejava ser esclarecido de uma vez por todas:
- Estamos aqui para vos levar até Lisboa! Amanhã por volta desta hora terão de estar juntos a muitos outros cidadãos nacionais que neste preciso momento também eles estão a ser recrutados para esta causa que nos vai trazer de novo a chuva. São todos homens com nomes de rios e será a sua força que fará chover em breve!
Se a dúvida se fizera sentir antes no sr. Jordão era agora a vez dessa mesma dúvida percorrer o pensamento do sr. Sena, que nada conseguia dizer, mas não deixava de menear a cabeça vezes sem conta num não constante e que continuava a deixar impacientes os dois visitantes porque viam cada vez mais difícil o fim da missão que ali os trouxera. Para além desta incerteza, uma outra começava a preocupar seriamente os dois: o tempo. Tinham ordens superiores para cumprir sem falta. Lembravam-se ainda das palavras sábias do chefe do governo e da forma como o seu trabalho seria a base do sustento de tão grande iniciativa. Era preciso recolher a força hídrica que cada um dos homens com nome de rios possuía para que a chuva voltasse. Assim sendo, estava na altura de pegar naqueles dois seres desconhecidos, mas tão importantes para o país, e levá-los para a capital. Por isso, tinham de enfrentá-los até que os dois partissem com eles e se juntassem no dia seguinte a todos os outros em Lisboa. Foi o mais baixo dos visitantes que concluiu:
- Não restam dúvidas que o vosso papel é fundamental na causa que aqui nos traz. Sem a vossa colaboração, nada que se pretenda fazer pode ser feito. É preciso sair daqui o mais depressa possível, para que amanhã se torne real o que hoje é ficção! Venham connosco e daqui a dois dias estarão de volta sãos e contentes por terem dado vida aos portugueses!
Estas palavras seriam suficientes para convencer qualquer bom patriota, mas o último a entrar na loja ainda não estava convencido. O sr. Sena precisava de esclarecer o seu ponto de vista sobre a seca. Sempre fora um homem da agricultura e sempre vira que a chuva era um desígnio da natureza quem sabe se de Deus. Chovia quando tinha de chover e mais ninguém mandava no assunto. Há uns anos tinha ouvido na televisão que uns cientistas russos conseguiram criar nuvens e fazer chover não se lembrava aonde, mas ainda assim não acreditara muito na notícia. Coisas estrangeiras, vindas de onde vinham, deixavam-no muito incrédulo. Agora estavam ali estes dois lisboetas com a certeza nas palavras, mas sem a certeza nos atos que, diziam eles, só se concretizariam no dia seguinte. Era para estranhar. De qualquer forma, a ideia de notoriedade, que por aquelas bandas não se fazia sentir nem nos sonhos dos acanhados habitantes de tão pacata aldeia ribatejana, fazia crescer um bichinho de curiosidade impossível de satisfazer se não partisse à aventura. E partir para uma aventura era tarefa difícil porque, nos quarenta anos passados naquele lugar, nunca saíra da sua casca dura, nunca procurara mudar o rumo dos acontecimentos que o destino lhe traçara. Seria agora? Estaria ainda a tempo de alterar os últimos anos da sua vida? Era isso que dele esperavam os dois visitantes, mas seria essa a opinião do seu amigo?
- Ó Jordão, o que é que achas de tudo isto? Ainda não acredito numa palavra que estes homens nos disseram. Ou há aqui trapaça da grande ou, então, temos mesmo de ir! – disse-o na direção dos três se bem que esperasse uma conclusão do seu amigo que ora coçava o queixo, ora a cabeça, ora limpava o rosto inundado de um suor que lhe alagava o semblante e atingia já a alma.
- Não sei, ó Sena! Ou acreditamos e partimos com eles ou botamo-los porta fora e aguardamos para ver! – respondeu-lhe o sr. Jordão, muito mais confiante porque já não estava sozinho há algum tempo e a sua decisão passava também pela do amigo.
A impaciência tinha tomado conta dos forasteiros. Estava na hora de partir porque a hora prevista para a junção de todos os que possuíam nomes de rios aproximava-se a passos largos. Já não havia tempo para mais delongas. Tinham de acertar no coração daqueles dois, tocar-lhes de alguma maneira no íntimo mais fundo das suas almas. Transmitir-lhes a mensagem sem rodeios, para que entendessem, de uma vez por todas, que fariam parte da salvação nacional. Precisavam de agir rapidamente, sem dar qualquer hipótese de resposta. A quente, aproveitando o fim de tarde que trazia uma ligeira brisa mas também ela carregada de calor, era chegado o momento crucial da missão: levá-los.
- Não temos mais nada a dizer e a fazer aqui. Lá fora, no fim da rua que nos trouxe até esta loja, está o carro que nos levará aos quatro a Lisboa e que daqui a dois dias vos trará sãos e salvos e felizes pelo que fizeram ao mesmo sítio. O dever a tanto obriga e os senhores vão desde já partir connosco!
Era uma ordem e a imponência daquele metro e noventa de fato preto vestido não deixava no ar nenhuma réstia de luz para se poder voltar atrás. Sem qualquer hipótese de reação ficaram os dois ribatejanos que desde logo se sentiram agarrados e arrastados até ao veículo que os aguardava já há algum tempo.
E, assim, lá partiram para a cidade que os esperava ansiosamente, onde fazer chover era a sina de todos os que batizados com nome de rio iriam cumprir o destino que lhes tinha sido destinado por forças bem superiores.
…………

Dois dias depois foram deixados à porta da venda da aldeia pelo mesmo carro que os levara. A noite tinha sido de chuva intensa. O largo estava cheio de poças de lama porque os pequenos rios que se tinham formado com a tanta água caída trouxeram a terra solta das hortas secas. Vinham distantes, o sr. Sena e o sr. Jordão, mais abatidos fisicamente mas orgulhosos da tarefa cumprida. Os rostos iluminados, como se lhes tivessem banhado os olhos com uma energia que só eles poderiam compreender, davam a perceber ao pequeno grupo que se juntara à volta deles a satisfação que traziam dentro de si. Tinham conseguido, ou fora a natureza, ou talvez Deus que fizera chover? Essa seria sempre a dúvida que nunca conseguiriam dissipar das suas mentes e das de quem a seu lado ia pensando nisso. E eram todos!     

                                                                              António Simões
                                                                                     FIM
    







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